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Fonte: https://www.businesstoday.com
		
	1. Avanço diplomático com a Malásia (26/10/2025)
No dia 26 de outubro de 2025, o Luiz Inácio Lula da Silva realizou visita oficial à Malásia, a fim de inaugurar uma nova fase de cooperação bilateral entre Brasil e Malásia.
 
Durante o encontro, foi firmado um comunicado conjunto que tratou da elevação da relação Brasil-Malásia ao patamar de “parceria estratégica”, integrando temas como comércio, investimento, tecnologia, agricultura, energia e biotecnologia.
Esse tipo de iniciativa exemplifica como a negociação comercial — no sentido de negociação de acordos bilaterais, abertura de mercados e diversificação de parceiros — está se tornando central na estratégia externa brasileira.
Por que importa
- A cooperação tecnológica (por exemplo na semicondução) poderá abrir novos canais de exportação para o Brasil, além de reduzir dependência de mercados tradicionais.
- O Brasil reforça sua inserção no Sudeste Asiático, um eixo que ganha relevância frente à busca por cadeias de valor mais resilientes.
- A diversificação de parcerias — tema caro à diplomacia comercial brasileira — ajuda a mitigar choques externos por meio de maior flexibilidade.
 Fonte: https://brazilenergyinsight.com/
Fonte: https://brazilenergyinsight.com/
		2. Diálogo imediato EUA-Brasil sobre tarifas (27/10/2025)
Na 27 de outubro de 2025, o governo brasileiro anunciou que iniciaria “imediatamente” negociações com os Estados Unidos para buscar soluções relativas às tarifas impostas a produtos brasileiros.
 O presidente Lula reforçou, em declaração oficial, que o Brasil apresentou argumentos quanto ao fato de que os EUA têm superávit comercial com o Brasil e, portanto, não haveria base para taxas punitivas.
 Mais do que um simples aceno diplomático, trata-se de uma negociação comercial em que o Brasil busca reverter ou moderar barreiras comerciais que afetam suas exportações.
		
	
Impactos esperados
- A possibilidade de revisão de tarifas permite ganhos imediatos para setores exportadores brasileiros que vinham sofrendo com restrições de acesso ao mercado norte-americano.
- Molda a reputação do Brasil como parceiro disposto ao diálogo, o que pode abrir caminho para outros acordos de liberalização ou facilitação de comércio.
- Reforça a importância de uma diplomacia econômica ativa — ou seja, de levar as negociações para além da retórica e transformar o diálogo em resultados concretos.
3. Parceria Brasil-EUA em minerais estratégicos: terras raras (28-29/10/2025)
Nos dias 28 e 29 de outubro de 2025, avançaram negociações entre o Brasil e os Estados Unidos no setor de minerais críticos, especialmente terras raras. Um encontro em Salvador (BA) entre o diplomata americano Gabriel Escobar e executivos de mineração brasileiros trouxe essa pauta à tona. 
 Esse movimento revela como a negociação comercial se expande para além de bens convencionais de exportação, alcançando insumos estratégicos com impacto em cadeias globais de suprimentos.
Significado estratégico
- Terras raras são fundamentais para indústrias de alta tecnologia e defesa; garantir fontes alternativas à dominância asiática (em especial da China) significa ganho geopolítico para o Brasil.
- O Brasil se posiciona como provedor estratégico de recursos, o que pode traduzir-se em novos contratos, investimentos em infraestrutura e expansão de exportações de alto valor agregado.
- Essa parceria serve como exemplo de como a diplomacia econômica — e em particular a negociação comercial — pode alavancar não apenas volumes, mas inteligência técnica, valor agregado e posicionamento no cenário internacional.
4. Cenário global e a reconfiguração das cadeias de valor
Embora os episódios citados sejam especificamente relacionados ao Brasil, eles se inserem em tendências globais mais amplas: aumento das tensões comerciais, busca de diversificação de fornecedores e fortalecimento das cadeias de suprimentos para além de grandes potências. Por exemplo, no âmbito do ASEAN, líderes mundiais se reuniram para reforçar acordos de cooperação comercial. Modern Diplomacy
 Neste ambiente, o Brasil aposta em usar a negociação comercial como mecanismo para ocupar espaço estratégico.
O que isso significa para o Brasil
- Maior protagonismo brasileiro em blocos, alianças e pactos que outrora não eram prioridade.
- Mercado global mais exigente: não basta exportar commodities em volume — é necessário valor, certificações, confiabilidade e contratos estratégicos.
- Pressão para que o país modernize seus mecanismos de negociação, logística e diplomacia empresarial-externa.
5. Consequências para exportadores e cadeia produtiva brasileira
As movimentações diplomáticas e comerciais da semana repercutem diretamente sobre os exportadores e sobre a cadeia produtiva no Brasil. Algumas implicações importantes:
- Abertura de novos mercados: a cooperação com a Malásia, por exemplo, abre portas para o Sudeste Asiático, área que tende a requerer produtos brasileiros diversos — alimentos, biotecnologia e insumos agrícolas.
- Revisão de barreiras tradicionais: a negociação com os EUA poderá reduzir custos e incertezas para agroindústria, siderurgia, mineração e outros setores fortemente exportadores.
- Elevação do valor agregado: o foco em minerais estratégicos como terras raras eleva o Brasil para cadeias produtivas de maior valor e complexidade.
- Mudança de mindset: passa-se de “exportar mais” para “exportar melhor” — com melhor negociação, melhores contratos, diversificação de parceiros e menos vulnerabilidade a choques externos.
Para muitos empresários brasileiros, isso implica necessidade de investir em capacitação de equipes de exportação, monitoramento de barreiras não-tarifárias, bem como atuação conjunta com agências de promoção de exportações (como ApexBrasil) e câmaras binacionais.
6. Desafios e os pontos de atenção
Embora as movimentações sejam positivas, há desafios que precisam ser vencidos para que os resultados se concretizem:
- A rapidez da negociação comercial nem sempre significa implementação imediata. A revisão de tarifas ou abertura de mercado demanda legislação, regulação, logística e adaptação empresarial.
- A diversificação de parceiros exige estratégia e investimento em logística, certificações e adaptação de produtos. O simples “abrir o mercado” não basta.
- A competição internacional é intensa — outros países também buscam novas cadeias de valor e acesso a mercados asiáticos e americanos.
- A comunicação e coordenação entre governo e empresas exportadoras precisam estar alinhadas para que as negociações não fiquem apenas no plano diplomático.
7. Visão de futuro: o Brasil em modo negociação
A semana entre 19 e 29 de outubro de 2025 pode ser vista como um marco para o Brasil porque mostra um país que assume a negociação comercial como parte essencial de sua diplomacia e estratégia econômica. Em vez de esperar que mercados se abram, o Brasil vai ao encontro dos parceiros, cria alianças, negocia insumos estratégicos e diversifica seus atores.
 Essa postura traduz-se em três vetores principais:
- Parcerias estratégicas (Malásia, EUA, possivelmente outros em pipeline)
- Recursos críticos e cadeias de valor emergentes (minerais estratégicos, tecnologia, inovação)
- Abertura de mercados e mitigação de riscos de concentração (menos dependência de poucos compradores ou produtos)
Para exportadores e decisores brasileiros, isso significa que a negociação comercial deixou de ser apenas “parte do processo” — tornou-se o processo.
8. Conclusão
Na última semana de outubro de 2025, o Brasil mostrou que está disposto a negociar — negociar com clareza, diversificar, elevar valor e posicionar-se no centro das cadeias globais. Os acordos e diálogos com a Malásia, os encontros com os EUA sobre tarifas e minerais, e a inserção do país em um contexto global de reconfiguração das cadeias produtivas são partes de uma estratégia maior.
 Para o país, o agora não é simplesmente exportar mais — é exportar melhor, com mais parceiros, mais recursos, mais valor, menos vulnerabilidade. E nisso, a negociação comercial dá o tom — como instrumento central da diplomacia econômica brasileira.
Empresas, governos estaduais e federais, e entidades de apoio à exportação-internacionalização devem perceber que essa nova dinâmica demanda preparo: negociar, sim — mas com estratégia, informação, agilidade e visão de longo prazo.
Se você desejar, posso preparar um relatório setorial sobre como essas movimentações da semana impactam especificamente o agronegócio, a mineração e a tecnologia no Brasil — com mapas de risco/oportunidade.
		
	

